A juventude brasileira já foi protagonista de muitas lutas históricas, a partir da década de 60, escrevendo um importante papel na redemocratização do Brasil.
Vale lembrar do papel da União Nacional dos Estudantes (UNE) na luta contra a ditadura militar, onde vários líderes estudantis foram perseguidos e exilados. Em 1984, na campanha pelas “Diretas-Já”, novamente lá estavam os jovens na rua pedindo eleições diretas para Presidente da República. A participação inesquecível dos “caras-pintadas”, em 1992, foi fundamental no impeachment do então presidente Collor.
Os movimentos culturais da juventude andaram de mãos dadas com a política, mostrando através das artes o engajamento político dos jovens brasileiros. Foi assim com Chico Buarque e Geraldo Vandré na década de 60, o movimento tropicalista na década de 70, o rock brazuca dos anos 80, com Renato Russo questionando “que país é este?”. Sem falar do teatro, no cinema-novo de Glauber Rocha e vários outros.
Lembro com muita saudade dos meus tempos de Grêmio Estudantil do Colégio Pinheirense, do Diretório Central dos Estudantes da Ufma. Fazíamos teatro, escrevíamos jornal, participávamos de reuniões de partidos políticos e discutíamos projetos para apresentar aos candidatos durante o período eleitoral. Tudo isso foi importante na minha formação política, social e humanista.
Confesso que atualmente estou deveras preocupado com a apatia política que se abate sobre a juventude. Diante de tantos escândalos envolvendo políticos é até natural surgir um abismo entre a juventude e a política brasileira. Mas, outros dados assustam, como uma pesquisa do Vox Populi que aponta que 60% dos entrevistados não se lembravam em qual candidato haviam votado nas duas últimas eleições, pasmem!
Estamos mais pobres culturalmente, também. Enquanto outrora a orientação de um Geraldo Vandré era “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, ou de Cazuza “ideologia, eu quero uma pra viver!”, hoje o grito de guerra que chega do brega e do forró eletrônico é: “bagaceira, cabaré e cachaça, no risca faca, tô nem aí...!”. E tome alienação!
Não devemos esquecer nunca o alerta do pensador alemão Bertold Brecht, de que “o pior analfabeto é o analfabeto político”. A indiferença da juventude em relação aos acontecimentos políticos poderá agravar os problemas que já temos como falta de universidades, de emprego, de oportunidades; além de favorecer o surgimento do pior de todos os bandidos, como conclui Brecht “...que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.” Não percamos a esperança, jamais!
César Soares
Bancário e integrante da Frente de Libertação de Pinheiro
César Soares
Bancário e integrante da Frente de Libertação de Pinheiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário