Desde 1998, o Aterro Sanitário de Caucaia recebe também todo o lixo da Capital. Ainda longe do ideal, o local já dispensa melhores cuidados ao meio ambiente. A ideia é ampliar a capacidade no ano que vem.
“Estamos anos-luz do ideal. Um atraso de, pelo menos, 100 anos do tratamento ideal que deveria ser dado ao que descartamos”, reconhece o tecnólogo em gestão ambiental Bruno dos Santos Moreno. Também analista de operações da Ecofor Ambiental, concessionária da Prefeitura responsável pela Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos da Capital, Bruno ressalta os ganhos humanos e ambientais com a transferência do destino dos resíduos do Jangurussu para o Aterro Sanitário Metropolitano Oeste de Caucaia (Asmoc), em 1998. Porém, admite. “Há muito para melhorarmos”.
Localizado a 15,8 quilômetros de Fortaleza, o Asmoc recebe, por dia, 4.600 toneladas de resíduos, sem seleção prévia de materiais para reciclagem. Desse montante, 15% corresponde ao lixo do município de Caucaia. De acordo com professor do curso de gestão ambiental, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE), Gemmelle Oliveira Santos, o aterro trabalha com segurança, frente a impactos ambientais, até 2014, com um limite extremo estendido até 2015.
Gemmelle explica as falhas que o aterro apresenta hoje. Em relação à captação dos gases tóxicos, classifica a drenagem realizada como passiva. “(Os gases poluentes) saem do aterro, mas vão para a atmosfera”. Segundo ele, há uma continuidade na agressão, mesmo com algum tratamento, já que o dióxido de carbono (transformação do gás metano, 21 vezes mais poluente), também piora o efeito estufa. “Só é feita a captação, faltam o tratamento devido e o aproveitamento”, esclarece. Ele acrescenta que essa é uma realidade nacional. “Apenas 38 aterros no Brasil tratam os gases advindos do lixo corretamente”.
Quanto ao tratamento do chorume e os impactos para corpos hídricos da área, Gemmelle diz que o sistema de tratamento nas lagoas e o sistema de recirculação (reinserção do líquido tóxico no aterro) são eficientes, mas precisam ser estendidos, a partir de um tratamento mais adequado. “Precisamos de lagoas com tratamento físico-químico. Não é excluir as que já existem, mas complementar”.
Conforme expõe o ambientalista, o aterro não utiliza manta de impermeabilização por tratar-se de um solo argiloso, portanto, impermeável. “A área também não possui recursos hídricos subterrâneos, então não há muito com que se preocupar quanto a isso”, tranquiliza.
Expansão
Localizado a 1,5 quilômetro do atual aterro, a ideia é que o espaço aumente sua capacidade em pelo menos metade do que se tem hoje. “Queremos ganhar mais uns sete anos para frente”, diz o engenheiro Helano Brilhante, da Autarquia de Regulação, Fiscalização e Controle dos Serviços Públicos de Saneamento Ambiental (ACFOR), de Fortaleza. A previsão é que ele já comece a funcionar já no próximo ano, simultaneamente com o atual aterro.
Brilhante garante que a expansão do aterro terá tratamento adequado para gás, com a geração de energia; implantação do tratamento físico-químico para o chorume; além de aumentar o número de lagoas responsáveis pelo processo.
ENTENDA A NOTÍCIA
Depois da desativação do lixão do Jangurussu, o despejo do lixo da Capital foi transferido para o Aterro Sanitário de Caucaia. Apesar dos melhores tratamentos que a área vem recebendo, a fim de minimizar os riscos para o homem e o meio ambiente, o aterro ainda apresenta falhas.
Saiba Mais
Em 1991, o Governo do Estado do Ceará construiu três aterros sanitários: um no município de Caucaia, um em Maracanaú, outro em Aquiraz.
Por ser o maior, o aterro de Caucaia passou, em 1998, a receber os resíduos de Fortaleza, pelo convênio 003/98 assinado entre as prefeituras de Fortaleza e Caucaia e o Governo do Estado.
Hoje, no Asmoc, cinco trincheiras, com, no máximo 30 metros de cota (da base ao topo) já estão desativadas. Atualmente, uma está em operação e outra sendo construída, com previsão de início de funcionamento para janeiro de 2012.
Ao todo, 30 serventes lidam diretamente com o lixo. Eles devem usar máscaras, óculos de proteção, bonés, botas, roupas especiais, com manga comprida. No Aterro Sanitário de Caucaia, O POVO flagrou casos de desrespeito às regras de proteção.
10 empresas são responsáveis pela coleta e encaminhamento do lixo, em Fortaleza e Caucaia, e levam ao Asmoc.
280 caminhões realizam o transporte do lixo. Cada um realiza três viagens por dia.
Como funciona o Aterro Sanitário de Caucaia
EXECUÇÃO
Queima dos gases
1) Coleta e queima do gás são feitas por flares, sistema de combustão interna .
Acomodação do lixo
2. A acomodação do lixo no solo é feita com a alternância de uma camada de lixo e uma camada de areia ou entulho. No aterro não é feita a impermeabilização do solo com manta de PEAD (Polietileno de alta densidade), já ele é composto por argila, impermeabilizante natural, que já garante a proteção do solo.
Chorume
3. O líquido é tratado pelo sistema de recirculação, com a reinserção dele no aterro. A vazão de chegada do líquido às lagoas é de 1,5 litros por segundo.
Falhas no Aterro
PROBLEMAS
Desperdício de energia
1. A captação dos gases tóxicos que vêm do lixo é feita sem a possibilidade de geração de energia. Faltam melhor tratamento e aproveitamento.
Flagrante
2. Homens trabalham no Aterro sem roupas e equipamentos de segurança adequados.
Sem reciclagem
Sem reciclagem
3. Os resíduos colhidos seguem direto para o lixão, sem prévia coleta seletiva, para reciclagem, como orienta a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei 12.305.
Fonte: Opovo
Fonte: Opovo
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